Ectoplasma – Descobertas de um Médico Psiquiatra
O mercado editorial
brasileiro de esoterismo e ocultismo encontra-se muito bem servido
com o livro “Ectoplasma – descobertas de um médico psiquiatra”,
publicado pela Editora Conhecimento em 2008. Frutos de intensa
experiência clínica do Dr. Luciano Munari, as pesquisas e hipóteses
trazidas à baila na obra são estimulantes para o estudioso do
oculto, embora o próprio autor abrace claramente o espiritismo
kardecista como se deduz do seu “ferramental” conceitual. A feliz
coincidência dos objetivos dos militantes espiritas – calcados na
caridade e na assistência ao próximo – e a ambição nitidamente
ocultista de conhecer a fundo os fenômenos não explicados da
natureza realizaram bodas felizes nesta ocasião, sendo conveniente
anunciar a “boa nova” (nem tão nova assim mas cuja qualidade só agora se percebeu) aqui neste blog.
O raciocínio
do Dr. Munari desenvolve-se com peculiar elegância e sem afetação
desnecessária de estilo em torno do caráter do “ectoplasma”(de “ektos”, fora e
“plasma”, formação) segundo a doutrina espírita. Desfia sucintamente o histórico
dos casos de materialização no mundo e no Brasil, papel cumprido
pelo ecotoplasma enquanto fluído vital - por meio do qual se
manifestavam “aparições”-; sua bioquímica e vinculação com doenças psicossomáticas e, como corolário, sua “fabricação”
indevida no organismo - o que possibilita inorportuno manuseio por formas
desencarnadas ou “presenças do passado” que desejam se vingar do
indivíduo vivo como ajuste de "contas cármicas" de vidas anteriores.
Ectoplasma partindo da médium |
Já o famoso
criminologista italiano e tardio prócer do espiritismo, Cesare
Lombroso, considerava o ectoplasma como um tipo de substância ou
protoplasma gelatinoso, inicialmente amorfo, que saía do medium e
tomava forma mais tarde. A análise de diversos autores e a
experiência e as demonstrações em centenas de sessões espiritas
demonstrava que esta substância saía pelos orifícios humanos e um
caso tornado célebre fora analisado pelo próprio Lombroso em sua
“opus magna”, “Hipnotismo e Mediunidade: o da médium italiana
Eusápia Paladino. O ectoplasma era visto, enfim, como substância
manipulada por espíritos, geralmente inodora, frio, húmido, por
vezes vezes viscoso e semilíquido, raramente apresentando-se seco e
duro e neste estado formando cordões fibrosos e nodosos de modo a
dilatar-se e expandir-se como uma “teia de aranha”.
Em
sua vida como profissional o Dr. Munari testemunhou que vários
pacientes exibiam quadros de transtorno de somatização como
“nós na garganta”, que se davam em situações de tensão
emocional. Outros sintomas recorrentes eram tonturas, angústias no peito, falta
de ar súbita (com sensação de sufoco), dores articulares ou
generalizadas além de sensação de peso nos ombros e nas
panturrilhas e também era dores de cabeça, embaçamento visual,
náuseas ou dor abdominal. Observando a caso da paciente que apelidou
de "Senhora Gioconda", o médico decidiu em certo momento abandonar sua renitente postura
ortodoxa, realizando um curso de terapia passada em que, pela
primeira vez, tomou contato com a ideia das chamadas “presenças
do passado”, as quais poderiam manipular os ectoplasma e produzir
diversos síntomas. Diz então que:
“O
que seria esse tal de ectoplasma? Uma substância semi
material/semi-espiritual que, portanto, permeia tanto o mundo
material como mundo espiritual; faz a ponte entre os dois mundos. È
ele que permite a atuação dos espíritos sobre o mundo físico. Ele
é a substância de que eles os espíritos se utilizam para
impressionar o mundo físico e causar, por exemplo, os fenômenos de
poltergeist, ou de materialização”
Ao aproximar-se de conhecido médium e espírita, o Sr. Manoel Saad e ao utilizar com mais intensidade a técnica de regressão, tornou-se paulatinamente evidente para nosso autor que “uma gama enorme de sintomas físicos era decorrente da ação espiritual sobre o corpo físico. Eram os mais variados sintomas: dores nas diversas partes do corpo, falta de ar, palpitações, ou mesmo sintomas que eu associava a uma doença orgânica, como por exemplo as dores articulares da jcitada artrite reumatóide”. A mais clássica dor era aquela que afetava a região da cabeça, mas havia inúmeras outras, como já mencionamos.
Neste
ponto, aliando novas teorias à constatação clínica, Munari cunha o
termo “Síndrome Ectoplasmática” para dar conta deste espectro de sinais e sintomas que englobaria até mesmo a síndrome de tensão pré-menstrual. A produção de
ectoplasma parecia, a princípio, ligada à ingestão de
carboidratos, principalmente vinculada à alimentação artificial
(refrigerantes, enlatados, alimentos benefeciados ou “refinados”,
dieta carnívora etc). Ao voltar-se para a literatura de medicina
ortomolecular, notou a correlação entre a
deficiência de vitaminas do
complexo B e a população que se alimenta de produtos
artificiais ou industrializados, deduzindo que, de certa maneira, a
produção excessiva de ectoplasma poderia estar associada
deficiência de vitaminas desta classe, obtendo resultados palpáveis
ao usar megadoses deste complexo vitamínico em pacientes. Outra
constação do Dr. Munari foi de que muitos pacientes com quadro
depressivo apresentavam a síndrome ectoplasmática.
Como
consequência do relativo êxito na comprovação destas hipóteses,
passou a tomar força para o autor a tese de que o órgão-chave
do ectoplasma talvez fosse o fígado, responsável pela oxidação
existente no corpo, pela síntese proteica (albumina), lipídica
(e o responsável pela produção de 70% do colesterol circulante no
sangue) e metabolização e desintoxicação de substâncias, como,
por exemplo, os medicamentos. A água, veículo portador de fluidos
etéricos que vitalizam o corpo segundo a medicina antroposófica
talvez tivesse também alguma correlação com o ectoplasma, sendo
notável que muitos depressivos exibissem ingestão reduzida de água.
Assim, escreve Munari:
“Evidências empurravam para se pensar no fígado. Decidi, então, baseado no pensamento de que hnum fígado preguiçoso nos portadores da síndrome ectoplasmática, utilizar medicamentos que pudessem estimular suas funções, quer fossem da antroposofia ou da halopatia. Utilizei medicamentos chamados de coleréticos e colagogos (eles estimulam a produção de bile pelo figado, assim como sua secreção pela vesícula biliar que onde fica armazenada para do duodeno), e observei uma diminuição nas queixas sintomáticas: o paciente sentia-se mais “leve”. Estavam então formadas associações entre síndrome ectoplasmática, trantorno de somatização, depressão, síndrome da tensão pré-menstrual e insuficência funcional hepática”.
O
fígado assume a condição ímpar de “grande usina de fabricação”
do ectoplasma. Munari explica esta “dinâmica ectoplasmática” ao
longo do trajeto de produção desta misteriosa substância. Em
termos simples, os alimentos provenientes de diversos reinos da
natureza (mineral, vegetal ou animal) portam qualidades diferentes de
ectoplasma, que passa ser aproveitado no reino “hominal” quando é
“humanizado” ou transformado por algum órgão do
corpo, a fim de que seja utilizado pelos espíritos como no fenômeno
de poltergeist que depende de “doador” ou epicentro para ocorrer.
Faz-se necessário para que algo desta magnitude se dê que esteja
presente no ser humano um tipo mais “refinado” de ectoplasma do
que o encontrado de forma bruta nos alimentos, ou na natureza.
Presenças do passado podem estar manipulando depósitos de ectoplasma. |
A
produção de ectoplasma pode ser normal ou não. Do grau de
“normalidade” neste processo - como descrito pelo autor - depende a
intensidade da “síndrome ectoplasmática” ou mesmo a sua
manifestação. Estes níveis de produção normal de ectoplasma
ocorrem quando há nutrição celular adequada em termos de micro e
macronutrientes, registrando-se ausência de fatores intervenientes
no metabolismo da glicose para gerar o ATP. Pelo contrário, se há
deficiência qualitativa e quantitativa de nutrientes para a formação
do ATP (ou presença de produtos tóxicos) produzir-se-ia “um
desvio para uma via ectoplasmática que levaria a uma produção
anormal, podendo chegar a nível prejudicial”.
Mas
como se observa a ocorrência da “síndrome ectoplasmática” no
cotidiano? Ela é mais comum do que se pensa, podendo-se associá-la
a determinados tipos de indivíduos segundo o local em que se
deposita o ecotoplasma no corpo humano. Como veremos logo adiante,
a maneira como este ectoplasma é conduzido e direcionado para
determinada parte do organismo físico do homem depende da influência
das denominadas “presenças do passado” e da qualidade de nossas vibrações pois a atuação destas “presenças” é influenciada
sobremodo pela raiva ou emoções negativas.
Com
efeito, Munari acentua que existe no homem um “(...)
corpo espiritual que
sobrevive à morte do corpo físico, e é nele que ficam registradas
nossas vidas passadas. Como tivemos vários experiências, e nelas
podemos ter apresentadas lesões físicas (Por exemplo, a enxaqueca
ou um traumatismo craniano), estas ficam registradas no corpo
espiritual. É o que chamamos “cicatrizes do corpo espiritual”.
Justamente nestas cicatrizes concentra-se o ectoplasma,
retransmitindo lesões do passado para o corpo físico ao fazer a
ligação deste como “corpo espiritual”, isto é, “reativa-se
a dor do traumatismo de uma existência pretérita”.
Construída
por Munari, a tabela seguinte relaciona os subtipos de ectoplasma ao
tipo de temperamento do homem, elemento predominante, órgão chave e
níveis de densidade.
Subtipo de Ectoplasma
|
Tipo de Temperamento
|
Elemento
|
Órgão Chave
|
Densidade de Ectoplasma
|
Craniano
|
Colérico
|
Fogo
|
Coraçao
|
Aérea
|
Torácico
|
Sanguíneo
|
Ar
|
Rins
|
Líquida
|
Gastrintestinal
|
Melancólico
|
Água
|
Fígado
|
Muscular
|
Sural
|
Fleumático
|
Terra
|
Pulmões
|
Óssea
|
Em
síntese pode-se assim definir os termos constantes do quadro:
A) Subtipos de Ecotoplasma quanto à localização
- Craniano – expressões alérgicas no revestimento nasal e oral e na trompa de Estáquio (o canal que comunica a garganta com o ouvido medido) e no ouvido médio. Favorece fenômenos como rinites, sinusites, otires e laringite e também a alergia do conduto auditivo externo.-
- Torácico – expressão do ectoplasma ocorre como se fosse algo que “sobe”, como uma onda que se origina na região entre o abdome e o tórax e segue ascendente para a cabeça; contudo, localiza-se em nível cardíaco, levando a uma dor opressiva, constritiva, e às vezes até com caráter “esmagante”.
- Gastrintestinal – costuma causar impressão de abdome distendido entre outros sintomas (gases etc).
- Sural – depósito de ectoplasma ocorre mais na região sural, que nada mais é senão que a região das panturrilhas (batatas da perna)
B)
Classificação baseada na maior ou menor afinidade do ectoplasma
por áreas de maior ou menor densidade orgânica
- Aérea – sensação de falta de ar e/ou nó ou bola na garganta, dando impressão de asfixia
- Líquida – deposita-se no líquido sinovial (líquido entre as articulações), causando dores articulares ou próximo a estas, sem sinais inflamatórios,(fibromialgia). Pode também depositar-se no sangue, acometendo órgãos mais sensíveis como o labirinto.
- Muscular/parenquitomosa : deposição nas “batatas da perna”.
- Óssea – mais rara, ocasionando as dores do crescimento nas crianças, ou dores de friagem nos idosos.
C) Classificação quanto aos Tipos de Temperamentos
- Colérico - comportamento enérgico,
- Sanguíneo - pessoa alegre, não se atêm a determinado fim;]
- Melancólico – indivíduo de ar tristonho e cansado, tendendo revolver o passado (preocupado e negativista).
- Fleumático - indivíduos “lentificados”, possuem forma facial arrendonda, ou “duplo queixo”; com olhar alegre e simpático. Apreciam o bom paladar e desfrutam com enorme satisfação da alimentação.
Do
ponto de vista da interação dos sintomas da “síndrome
ectoplasmática”, verifica-se que a concentração de ectoplasma em
determinado órgão ou área do organismo depende da convergência de
fatores como:
- Ingestão de alimentos com maior quantidade de ectoplasma;
- Tipo de alimentação que produziria maior ou menor quantidade de ectoplasma;
- “Leveza/peso” do ectoplasma;
- Sua afinidade por locais de maior ou menor densidade;
- Cicatrizes espirituais;
- Atuação de “presenças” espirituais, manipulando o ectoplasma para concentrá-lo em determinada cicatriz espiritual.
O
ponto “f” é de suma importância neste elenco de fatores. O
ecotoplasma pode ser compreendido como “matéria-prima” da
síndrome, ao passo que as “'presenças' são a 'mão-de-obra' a
trabalhar para a construção do sintoma num ambiente propício – a
cicatriz espiritual”. O fator desencadeante destes “males”
está vinculado a um profundo desequilíbrio entre o “pensar e
agir” na pessoa que é afetada por entidades deste tipo, possuindo
vínculos estreitos com a idéia da mediunidade do paciente que
recebe os efeitos da atuação destas “presenças” devido a seu
mal uso ou desconhecimento de suas leis de atuação.
Tomando
a analogia com aparelho de TV, o autor chega a advertir-nos ser preciso, portanto, evitar uma mesma “freqüência no modo de
pensar e sentir e que se assemelha ao das “presenças” (que
cobram do desafeto encarnado a ação errônea por ele cometida)”.
Este é um caminho básico para evitar-se a contaminação pela "doença". Mas há outros
abertos a quem humildemente progrida na senda individualíssima da
espiritualidade.
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